26.5.11

Pequena Crônica do Dia das Mães na Escola (do Heitor)

Então, vcs sabem que eu adoro ler né? Ué, como assim não sabem? Tá escrito ali do lado ó, no meu perfil!  Um cara que eu acho muito fera é o Rubem Fonseca. Teve um livro dele (não me lembro qual), que o personagem principal se auto-intitulava “um cretino cronológico”. Me identifiquei na hora. Passei a dizer pra todo mundo que eu sou uma cretina cronológica. Não guardo a ordem das coisas, não lembro de data nenhuma, não lembro em que ano que aconteceu tal coisa, acho que nego gente que morreu há 2 anos tá morto há dez e, que quem tá morto há dez, morreu no ano passado e por aí vai. 


Enfim, como sou uma verdadeira cretina cronológica vou falar agora do Dia das Mães. Ok gente, eu tô lembrada que estamos quase no dia dos pais, que eu deveria estar preocupada com festa junina e o escambau, mas pra que é que vcs acham que eu dei essa volta toda aí do parágrafo de cima?

Foi um fiasco total. Como sou mãe há muito pouco tempo, ainda não tenho o poder de abstração da minha mãe, que caga e anda consegue verdadeiramente viver este dia como um outro dia qualquer, sem esperar mimos paparicos e reverências. Eu não. Eu, como só tenho 4 anos de estrada, espero com ansiedade pelo presentinho do colégio (pago por mim mas guardado em segredo a sete chaves pela criança), pela festinha com direito a lágrimas emocionadas, dos presentes que eu escolho pro pai comprar e ela me dar e taus. 


Só que na véspera da festa a criança me aparece com um febrão nunca dantes registrado por essas bandas, chegou a 39,8, quase que virou sopa, e eu só criando cabelo branco (já estou prevendo que até o final do ano estarei like Madonna, com o cabelo platino blond porque a cada branco novo, é uma mecha loura nova no look).  Resumo: passou o dia da festa (que era uma sexta-feira) de cama. E aí, outro fato nunca dantes registrado por essas bandas: eu peguei a desgraça da virose. Tive até febre! Gente, sem brincadeira: coisa que eu não tenho nunca na vida é febre. Pode pergunta pra D.Dení (minha progenitora, pra quem não sabe). Eu digo que sou caso de estudo porque eu tive sarampo e não tive febre. 


Pra coroar a cagada geral, domingo Wil acorda doente. E, como ele estava com mais febre que eu, achou que eu, que estava “ótema”, tinha que ficar lá subindo e descendo escada, pegando remédio, água, em fim, cuidando do pobre doente (porque homem doente eu vou lhes dizer uma coisa) já que eu estava 100% né? E pra completar a criança que já estava boa, passou o dia me torrando os "dois neurônio" ainda pensantes porque eu já estava de cama desde sábado e ela queria sair pra passear... 


Lição do dia: não espere porra nenhuma nada de especial desse dia. Se vc não acredita em papai Noel, coelhinho da Páscoa ou doendes, pode esquecer, que essa é apenas mais uma data pro shopping bombar de vender e finito. Com sorte vc ganha uma panela nova ou um almocinho no restaurante a kilo. 

Mas pra provar que não sou uma pessoa amargurada e recalcada e taus, vou publicar aqui a experiência da Ana no dia das mães, que foi muito mais edificante do que a minha e teve muito mais lições boas apreendidas. Querem ver só?


Pequena Crônica do Dia das Mães na Escola
Ontem foi a festa do Dia das Mães na Amora. É claro que eu estava ansiosa desde o início da semana. Pintei as unhas de vermelho, como meu filho gosta; comprei mini croissants de queijo minas, como meu filho gosta; e fui.

Cada mãe que chegava era aquela festa. Quando eu cheguei Heitor correu para me dar um abração e muitos beijos.
Ainda faltavam algumas mães, enquanto as outras se comoviam com os olhares daquelas crianças que ainda aguardavam.

Ok. Mães todas lá! Começou a festa. Mães divididas em dois grupos, cada qual com fotos de infância das mães do outro grupo para adivinhar quem era cada uma. Uma farra danada!

Nas paredes as mães desenhadas e pintadas pelo filho. Fiquei tão feliz. Eu estava linda e toda colorida; cada braço e cada perna de uma cor diferente; cabelos curtos e azuis; e muito rosa para todo lado.

Como sempre, a Amora tem super bom gosto e criatividade para presentear os pais. Este ano, as mães ganharam aquele relógio de parede, redondo e branco, e no centro uma pintura feita e assinada pelo rebento. O meu tinha mãe e filho!!! A coisa mais linda do mundo! De verdade!! Isso dentro de uma caixa com a minha imagem desenhada, toda colorida, acompanhada de uma flor, uma árvore, quatro nuvens fofas e uma chuvinha simpática.

Em outra parede frases que cada um fez para descrever a mãe; o que ela fazia ou gostava. Tinha assim: “minha mãe gosta de brincar de barbie comigo”; “minha mãe me leva no Aterro”; “minha mãe gosta de me dar beijinho”; e por aí foi. Pois bem, sabem o que tinha na frase assinada “Heitor”???
“Minha mãe gosta de arrumar a casa”

Como assim?!?! (Sou mãe dedicada pacas!)
 Não preciso nem dizer que teve mãe que olhou e disse: “Nossa, você deve ter obsessão por arrumação!”
Gente, quem me conhece sabe até que gosto de arrumação sim. Que gosto de organização e limpeza. Mas quem vai à minha casa também sabe que isso está longe de ser obsessão. Que mãe obsessiva pela arrumação tem 80% das paredes pintadas com giz de cera? Que mãe obsessiva pela arrumação deixa o filho brincar com 12 cores de guache dentro do apartamento? Tem uma fazenda de isopor num saco enconstado na parede da sala?! Tem limo na p---a do box?
Que pôxa!
Mas, como eu sou eu...
(...chegando em casa...)
- Heitor, por que você não disse que a mamãe te leva à praia, te leva ao cinema, te leva ao teatro?
(três segundos de silêncio, e espera)

- Mamãe, fica no banhelo comigo enquanto eu faço cocô?
- Aí. Por que você não disse que a mamãe fica contigo no banheiro enquanto você faz cocô?!
(agora, com olhar penetrante e voz enfática)
- Eu disse o que eu quis dizer!!!
(três segundos para eu me recuperar)
- Sei. Que a mamãe arruma a casa...
- Eu lembei que você arruma a casa porque eu gosto de casa arrumada!!
(Mãe desmanchando feito manteiga derretendo na frigideira... Olhos rasos d’água)
- Entendi, meu bem. A mamãe amou muito tudo (frase repetida trocentas vezes), os desenhos, o presente e a frase. Fiquei muito orgulhosa de você. Você é o melhor filho do mundo e eu sou muito feliz de ter você!! Você é muito fofo e gostoso. (E outros "você"...)
 Ass.: Essa mãe que vos fala

Lições do Dia:
1ª) Quando o filho de alguém se lembrar da mãe arrumando a casa, não a julgue imediatamente! Pode não ser o que você está pensando.
2ª) Calma. Muita calma. Não seja infantil.
3ª) Não fique tão preocupada com o que os outros vão pensar.

25.5.11

Molecote não!

Eu sou tão coruja, mas tão coruja, que não me basta apenas corujar minha cria. Acabo mesmo corujando as crias das amigas, porque não tem como: olha a coisa mais fofa essa conversa do Heitor com o pai, que a Ana me mandou por e-mail.

Na noite de sábado, Heitor gritou o pai para dar boa noite.
 
- Paaaaaaaai!
- Oi meu filho.
- Boa noite, lindão!
- Boa noite, molecote.
 
Ontem à noite, eu estava na cozinha quando Heitor começou a conversar com o Ary na sala.
 
- Papai, sabe por que eu tenho raiva de você todo dia?
- Pô meu filho você tem raiva de mim todo dia?
- Sim.
- Por que?
- Porque eu detesto que você me chame de molecote.
- Mas é um jeito carinhoso de te chamar.
- Mas eu não gosto.
- E como é que você gosta de ser chamado?
- De lindão!
 
(Cena de pai agarrando o filho e o chamando de lindão lindão lindão. E mãe às gargalhadas na cozinha)


Combinado então galera: meleca não pode, molecote também não!

19.5.11

Meleca não! Ou: dorme com esse barulho, mamãe.

Ai os filhos... esse maravilhosos espelho de nós mesmos que nos mostram o tempo todo o quão certo ou errados podemos ser...
Este domingo, chegamos um pouco mais tarde em casa e Laís foi dormir mais tarde do que o normal. Estava já quietinha, de olhinho fechado, quando de repente abre os olhos, suspira forte, olha pra mim e exclama com veemência:
"-Mãe você tá TODA errada sabia?" Assim mesmo, com ênfase no “toda”.
"- Porque minha filha????" Respondo eu, absolutamente surpresa com aquilo, àquela altura do championship.
"- Porque você fica chamando o Bruno Gusmão de Meleca! Por acaso você gostaria que te chamassem assim, gostaria? Não né? Então você não devia fazer isso!"  Exclamou a defensora dos fracos e oprimidos.
Fiquei calada por uns instantes refletindo sobre como é que eu ia sair daquela, até que me rendi:
"- Você tem razão filha. Tá errado mesmo e eu não gostaria que me chamassem assim, então eu não vou mais chamar seu namorado assim, ok? Você me desculpa?"
"- hum-hum ". Sem muita convicção... Não senti firmeza e insisti:
"- Você me desculpa filha?"
"- Desculpo mamãe, não precisa chorar." Disse ela, dando tapinhas amigáveis no meu ombro para que eu não chorasse.

Enfim, agora mamãe tem de chamar o meleca de genro. Toma essa mamãe! rs

PS: depois de 3 dias encafifada com essa porra refletindo sobre o ocorrido, cheguei a conclusão que insolência e o sobrenome dessa criatura que botei no mundo  se a menina tem todo esse discernimento do que é certo e do que é errado, de como se deve ou não tratar as pessoas, já com esta tenra idade, sinal de que estou (eu me minha equipe de apoio claro, não posso me esquecer: o pai, a vó e a escola kkk) fazendo um bom trabalho.
É, acho que posso dormir com esse barulho sim...

18.5.11

Como é que eu não saquei? Ou: o meleca I. Ou: ainda falando em precocidades


Laís tinha um coleguinha na escola que logo que ela entrou implicava tanto com a bichinha, mas tanto, que ela chegava em  casa chorando dizendo que não queria mais ir pra escola porque o amiguinho falava coisas horríveis pra ela, como por exemplo que eu ia morrer, que iam cortar meu pescoço e eu ia sangrar até a morte... Essas coisas de moleque levado, que percebeu logo que falar da mãe era o ponto fraco da menina (e de toda torcida do Flamengo, vamos combinar).

Na primeira reunião de pais a que estive presente, soube pela vó do Bruno (o coleguinha atentado em questão) que ele estava em um momento delicado, e soube também que ele não implicava só com a Laís, ele pegava no pé de geral, só que a Laís sentia mais.

Pedi então pra psicóloga do colégio ficar de olho e ela resolveu conversar com os dois. Confesso que achei que não adiantaria, mas depois do tal papo nunca mais Laís reclamou dele e fiquei aliviada.

Um dia, Laís ficou doentinha e como o pai estava mais disponível que eu ele a levou a clínica. Estavam na recepção lotada quando chegou um menino com o uniforme do colégio, ele e Laís se olharam e correram um em direção ao outro e se abraçaram longamente. A mãe do menino espantada ainda perguntou "eles se conhecem? " E Wil com toda gaiatice que lhe é peculiar, responde: "Acho que não. Foi amor a primeira vista."
Fato é que foi uma comoção geral na cliníca com aquele monte de mãe em uníssono fazendo "ooowwwwwnnnnn" para os dois, que só se desgrudaram de novo quando foi a vez de entrar no médico.
Qual não foi minha surpresa quando ao saber da história toda, Wil me conta que foi com o Bruno. Aquele mesmo, o "implicante".

Aí de uns tempos pra cá  ela começou a falar nele normalmente quando comentava as brincadeiras na escola. Pensei com meus botões "que ótimo, ficaram amigos." Até o dia que minha mãe veio me dizer que ela contou que estava NA-MO-RAN-DO o Bruno. E que tinha mais! ela disse que já tinha BEIJADO ele! Na BOCA!

Pensei de novo com os botões: "cacete, mas já??" Aí eu lembrei que com 3 anos eu tinha um namoradinho que se chamava Reison e andávamos de mãos dadas pra cima e pra baixo, e tinha ainda uma  menina invejosa e recalcada chamada Renata que me apertava as bochechas de raiva porque ela queria namorar com ele.Então tenho de pegar leve com a menina, mesmo que meu primeiro impulso tenha sido mudar ela de escola...
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Há bem pouco tempo, eu tinha um chefe, que criativo como ele só, pra azucrinar a vida da filha adolescente (só de farra mesmo),  resolveu que não ia perder tempo decorando nome de namorado nenhum. Que todos eles seriam Meleca  e pronto. Achei genial!  Pedi permissão pra plagiar a idéia e, permissão dada, fiquei eu achando com esses tapados desses meus botões (que pô, francamente, nem pra trocar uma idéia comigo cara, só me deixam falando sozinha!) que só ia usar essa daqui há uns 10 anos. Há-há-há, doce ilusão.
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Aí, estávamos no carro eu ela e o pai, indo pro colégio, pouco depois da  páscoa e segue o seguinte diálogo:
Ela: - Mãe, sabia que o Bruno Gusmão levou ovo de páscoa e dividiu co-mi-go?
Eu: - É filha? Que bacana, legal ele ter feito isso!
Ela: - É e dividiu com todo mundo até com a Pri?( a professora).
Eu: - Muito bacana mesmo filha!
O pai: - Quem Laís, levou ovo de páscoa pra você?
Ela: meu NAMORADO ué!
O pai: - Seu namorado? Quem é seu namorado?
Ela: - O Bru-no Gus-mão!
Eu : - O meleca!
Ela, rindo: - Porque meleca mãe?
Eu: - Porque eu já te falei: todo namorado que vc tiver na vida, terá o apelido de meleca!
Ela, desistindo: ah, tá bom!
O pai: Por acaso você perguntou se podia namorar?
Ela: -Não! ( como quem diz: " e eu lá preciso disso?")
O pai, sério: - Sabe que criança não pode beijar na boca né filha?
Ela: - Mas eu já  beijei!

Obs: graças ao bom Deus nessa hora eu estava parada no sinal, se não seria desastre na certa!

Eu e o pai, ao mesmo tempo:  - Mas não pode filha, criança pode dar a mão, abraçar, beijar na bochecha, na boca não! Só adulto, tá?
Ela: - Porque não?
Eu, encerrando o assunto: -Porque dá sapinho! E é feio criança beijar na boca, e se insistir nisso eu te mudo de colégio! Pensei melhor e resolvi radicalizar menos: - Não, mudar é brincadeira filha, não vou mudar você de escola não(rs)  mas sapinho é verdade!
Ela: - O que é sapinho mãe?
Eu: É peraba na boca!


Obs final: Aos queridos pais do Bruno Gusmão, Juliana e Léo: meu sinto muito, mas o filho de vcs agora, por motivos de força maior, é o Meleca I! rsrs