18.5.11

Como é que eu não saquei? Ou: o meleca I. Ou: ainda falando em precocidades


Laís tinha um coleguinha na escola que logo que ela entrou implicava tanto com a bichinha, mas tanto, que ela chegava em  casa chorando dizendo que não queria mais ir pra escola porque o amiguinho falava coisas horríveis pra ela, como por exemplo que eu ia morrer, que iam cortar meu pescoço e eu ia sangrar até a morte... Essas coisas de moleque levado, que percebeu logo que falar da mãe era o ponto fraco da menina (e de toda torcida do Flamengo, vamos combinar).

Na primeira reunião de pais a que estive presente, soube pela vó do Bruno (o coleguinha atentado em questão) que ele estava em um momento delicado, e soube também que ele não implicava só com a Laís, ele pegava no pé de geral, só que a Laís sentia mais.

Pedi então pra psicóloga do colégio ficar de olho e ela resolveu conversar com os dois. Confesso que achei que não adiantaria, mas depois do tal papo nunca mais Laís reclamou dele e fiquei aliviada.

Um dia, Laís ficou doentinha e como o pai estava mais disponível que eu ele a levou a clínica. Estavam na recepção lotada quando chegou um menino com o uniforme do colégio, ele e Laís se olharam e correram um em direção ao outro e se abraçaram longamente. A mãe do menino espantada ainda perguntou "eles se conhecem? " E Wil com toda gaiatice que lhe é peculiar, responde: "Acho que não. Foi amor a primeira vista."
Fato é que foi uma comoção geral na cliníca com aquele monte de mãe em uníssono fazendo "ooowwwwwnnnnn" para os dois, que só se desgrudaram de novo quando foi a vez de entrar no médico.
Qual não foi minha surpresa quando ao saber da história toda, Wil me conta que foi com o Bruno. Aquele mesmo, o "implicante".

Aí de uns tempos pra cá  ela começou a falar nele normalmente quando comentava as brincadeiras na escola. Pensei com meus botões "que ótimo, ficaram amigos." Até o dia que minha mãe veio me dizer que ela contou que estava NA-MO-RAN-DO o Bruno. E que tinha mais! ela disse que já tinha BEIJADO ele! Na BOCA!

Pensei de novo com os botões: "cacete, mas já??" Aí eu lembrei que com 3 anos eu tinha um namoradinho que se chamava Reison e andávamos de mãos dadas pra cima e pra baixo, e tinha ainda uma  menina invejosa e recalcada chamada Renata que me apertava as bochechas de raiva porque ela queria namorar com ele.Então tenho de pegar leve com a menina, mesmo que meu primeiro impulso tenha sido mudar ela de escola...
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Há bem pouco tempo, eu tinha um chefe, que criativo como ele só, pra azucrinar a vida da filha adolescente (só de farra mesmo),  resolveu que não ia perder tempo decorando nome de namorado nenhum. Que todos eles seriam Meleca  e pronto. Achei genial!  Pedi permissão pra plagiar a idéia e, permissão dada, fiquei eu achando com esses tapados desses meus botões (que pô, francamente, nem pra trocar uma idéia comigo cara, só me deixam falando sozinha!) que só ia usar essa daqui há uns 10 anos. Há-há-há, doce ilusão.
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Aí, estávamos no carro eu ela e o pai, indo pro colégio, pouco depois da  páscoa e segue o seguinte diálogo:
Ela: - Mãe, sabia que o Bruno Gusmão levou ovo de páscoa e dividiu co-mi-go?
Eu: - É filha? Que bacana, legal ele ter feito isso!
Ela: - É e dividiu com todo mundo até com a Pri?( a professora).
Eu: - Muito bacana mesmo filha!
O pai: - Quem Laís, levou ovo de páscoa pra você?
Ela: meu NAMORADO ué!
O pai: - Seu namorado? Quem é seu namorado?
Ela: - O Bru-no Gus-mão!
Eu : - O meleca!
Ela, rindo: - Porque meleca mãe?
Eu: - Porque eu já te falei: todo namorado que vc tiver na vida, terá o apelido de meleca!
Ela, desistindo: ah, tá bom!
O pai: Por acaso você perguntou se podia namorar?
Ela: -Não! ( como quem diz: " e eu lá preciso disso?")
O pai, sério: - Sabe que criança não pode beijar na boca né filha?
Ela: - Mas eu já  beijei!

Obs: graças ao bom Deus nessa hora eu estava parada no sinal, se não seria desastre na certa!

Eu e o pai, ao mesmo tempo:  - Mas não pode filha, criança pode dar a mão, abraçar, beijar na bochecha, na boca não! Só adulto, tá?
Ela: - Porque não?
Eu, encerrando o assunto: -Porque dá sapinho! E é feio criança beijar na boca, e se insistir nisso eu te mudo de colégio! Pensei melhor e resolvi radicalizar menos: - Não, mudar é brincadeira filha, não vou mudar você de escola não(rs)  mas sapinho é verdade!
Ela: - O que é sapinho mãe?
Eu: É peraba na boca!


Obs final: Aos queridos pais do Bruno Gusmão, Juliana e Léo: meu sinto muito, mas o filho de vcs agora, por motivos de força maior, é o Meleca I! rsrs

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