8.12.10

A Madrasta



Então, eu tenho essa mania de conversar com a Laís como se ela fosse adulta e capaz de compreender exatamente tudo que eu falo.

De repente me toquei de que desde ela nasceu, eu e Wilson não viajamos mais  pra canto nenhum, sem o chaveirinho na bagagem.  Resolvi bater um papo vida com a mocinha.

Comecei explicando que nas férias nós vamos viajar todos juntos, mas que na volta ela ficaria um fim-de-semana super legal só com a vovó pra gente poder viajar só eu o papai. Ela disse que não queria, veementemente, daquele jeitinho dela de falar e sacudir a cabeça e as duas mãozinhas ao mesmo tempo em negação.

Depois da pausa para respirar fundo, e controlar os ânimos eu disse a ela:
-  Filha, aposto que seus amigos já ficaram várias vezes com a vó deles pros pais poderem ficar juntos e namorar! Os pais precisam namorar minha filha! Pergunta a Sofia se ela já não ficou com a vó dela.
- O Bruno Gusmão tem uma madrasta. Ele fica com a madrasta, sabia?  Disse ela em tom de bronca.
- Imagino que sim. Outros amigos seus também tem madrasta.
- Ah mamãe eu também quero uma madrasta!
Depois de meio segundo atônita, retruquei:
- Porque você quer uma madrasta filha?
- Ah! Porque madrasta é boazinha, faz suquinho pra gente, faz carinho...
- Por isso não, que suquinho eu também faço e carinho eu também dou!
- AH, MAS EU QUE RO UMA MADRASTA MA MÃE....
-  Filha, olha só, isso aí você vai ter que pedir pro seu pai. Deixa eu te explicar uma coisa: pra você ter uma madrasta o seu pai precisa namorar ela primeiro. E como eu já sou namorada do papai, eu não vou querer que ele tenha outra namorada. Mas se você quiser muito, mas muito mesmo uma madrasta, eu posso mandar o papai embora, e ele arruma uma madrasta pra você! O que você acha? Se você quiser eu mando ele embora hoje mesmo! Você quer?
Ela fez uma cara de espanto com os olhos arregalados, e depois relaxando e fazendo a cara mais gaiata  possível  e rindo, exclamou:
- Nããooooo! Eu tava só brincando mamãe...

Papai ficou muito aliviado de saber que ainda tinha casa, afinal de contas.

5.11.10

Momento Desabafo

Hoje, tive uma vontade enorme, urgente, insana de me reinventar. Começar tudo de novo, do zero, outra história, outra profissão principalmente. Diria até que primordialmente.
De tudo, a única coisa que eu queria tudo igualzinho do jeito que é, sem tirar nem por, é vc e seu pai minha filha. Por que sem ele, por mais legal que pudesse ser outra pessoa, eu não teria a melhor filha do mundo. E você é o melhor de mim. Você me faz querer ser uma pessoa cada vez melhor.

4.10.10

Frustrações, piquenique, sanduíche de dinossauro e outras histórias



A Roberta mãe do Noah , disse em seu post mais recente  (se vc ainda não leu a Roberta e fica aí com esse risinho bobo me lendo, um aviso: tá perdendo tempo. Lê lá e vc vai ver o que é se escangalhar de rir): “Eu fico me perguntando em que momento da nossa recente história ficou decidido que celebrar o aniversário de 2 anos do seu filho significa ficar 7 mil reais mais pobre”. O que me remeteu há mais ou menos 1 mês e meio atrás, quando o aniversário de Laís chegava, e eu e Wilson nos encontrávamos na segunda pior pindaíba do ano ( que de janeiro a março não foi mole não).


A gente ainda estava esperando um milagre tipo ganhar na mega sena acumulada e alugar o me-lhor salão de festas da cidade ou, sonhando beeeeem mais baixo, pintar uns trabalhinhos extras pra ele. Não rolou nem uma coisa nem outra, evidentemente.

Lá na agência, quando chega um pedido em NOVEMBRO para CRIAR e PRODUZIR uma AGENDA de brinde de NATAL (que todo mundo sabe costuma cair não por coincidência sempre no dia 25 de dezembro), eu costumo ter a seguinte conversa com o cliente: - Oi tudo bom? Então, sobre aquele pedido que vc me encaminhou hoje, dia 22 de novembro, por e-mail? Nenhum fornecedor quer pegar. Dizem que estão lotados desde agosto... Até já tentei negociar com Noel pra ver se ele vinha junto com o ano novo e a gente ganhava um prazo, mas não foi possível...
OBS: é claro que essa conversa é imaginária, com um cliente imaginário (que se eu falo isso pra um cliente na real eu não sou só demitida: sou demitida, despejada, deportada e internada com direito a camisa de força e cela acolchoada).
Enfim, não dava pra gente negociar com a criança pro aniversário dela cair junto com o dia das crianças e assim ganharmos prazo e ainda economizarmos no presente. Estávamos já há um mês do aniversário quando desistimos de ganhar na mega sena e fazer a festa milionária.

Essa benção que atende pelo nome de Laís, queria muito uma festa “de salão” da Barbie Castelo de Diamante. Tivemos um papo cabeça, ela entendeu na boa e sem drama que salão "não rola" e ficou combinado que ela teria então duas festas: a da Barbie Castelo de Diamante no colégio com os amiguinhos de turma e um piquenique no zoológico, com os amiguinhos da pracinha (da época em que morávamos na civilização, antes da roça).

Pra que é que eu fui inventar... Descobri muito rápido que organizar um piquenique de aniversário na quinta não é uma tarefa tão simples assim. Uni forças a Ana, mãe do Heitor, já que os dois são os “melhores amigos de infância” e tem diversos amiguinhos em comum. Dividimos as tarefas, ela ficou responsável pelas excursões a Saara para comprar toalha quadriculada, pratos copos e afins, e parte dos comes, eu fiquei com os brigadeiros (sou expert no assunto, modéstia a parte), bebes e logística, afinal se vc não tem carro (que é o caso de ambas) e não é vendedor ambulante, levar um isopor (aliás dois) cheio de cerveja e refri pro coração da Quinta da Boa Vista é praticamente uma tarefa de gincana.


O super dindo, meu “personal designer” cuidou dos convites como de praxe (afinal esse job é dele desde o aniversário de um ano) e a super Michelle, nossa “personal cake maker” cuidou, obviamente, do bolo. Como não queríamos comer bolo com formiga, poeira e folha decidimos fazer ele já partido e embalado. A Ana que é uma artista, improvisou uma caixa para colocar o bolo com uns bichos de zoológico em cima que, quem vê, jura que ela gastou uns 3 dias na tarefa.


No meio do pandemônio da produção eu ainda tive um surto “quero porque quero” quando vi no hortifruti uma forma que corta o pão de forma em formato de dinossauro. Já imaginei as crianças comendo cada migalha de pão só pra poder devorar cabeças e pernas de dinossauros! O problema é que a Ana é quem iria fazer os sanduíches de pão de forma. Armei o maior esquema, fiz o Wil ir até a o trabalho da Ana do outro lado da cidade levar a  tal forma, e no final das contas, a Ana comprou o pão de forma sem casca, que é menor e não cabe na forma. Wil até que relevou, quando soube que perdeu a viagem...


O único detalhe é que no fim de semana escolhido para o evento não podia chover, se não babau. E de preferência também não podia fazer um solzão porque a Quinta com calor e solzão na moleira é pra leão (juro que não é trocadilho gente).


Depois de obsessivas consultas ao Cptec e o Climatempo percebemos que  ia chover pra caralho  burro e tivemos que adiar. Como no fim de semana seguinte podia acontecer a mesma coisa e poderíamos ter de adiar o aniversário das crianças até sabe lá deus quando, bolamos um plano B que era fazer um piquenique “indoor” em caso de chuva, e assim do sábado seguinte não passava. Mais uma vez a benção em forma de gente entendeu sem drama, fez só uma carinha de triste porque ia ter que ir muitos dias a aula até chegar o outro sábado pra deixar registrado, e voltou a cantar no banho, onde ela se encontrava quando fiz o comunicado.


E quarta-feira o tempo começou a virar. Quinta nubladão. Sexta nubladaço. E de noite chuva. Muita. Chorei aos soluços de tanta frutração. O marido tentava me consolar de todos os jeitos, mas como eu já estava mesmo precisando dar uma desopilada, não teve jeito: chorei até os olhos incharem e o nariz entupir, gritei impropérios aos céus, São Pedro e o escambau. Foi bom. Desopilou mesmo.


No sábado liguei cedo pro super dindo e descobri que em São Cristóvão choveu tão pouco que não deu nem pra fazer laminha no gramado, e então lá fomos nós animados e correndo contra o relógio como sempre, com o “acampamento” para a quinta.


O passeio foi um sucesso. As crianças correram, brincaram, jogaram bola, andaram de bicicleta, de skate, correram mais um pouco e ficaram muito felizes. Os pais ficaram à vontade e felizes de verem os filhos se esbaldando (que no final é só o que importa). E apesar de não termos sanduíches de dinossauro por culpa exclusivamente da Ana (rsrs) o piquenique de aniversário da Laís e do Heitor vai entrar pra história (deles é claro) como o aniversário mais incrível (até agora)!

Da série "rapidinhas": Paixão de filho

Do Heitor, pra Ana:
- Mamãe, você quer casar comigo?
- Meu amor, filho não casa com mãe.
- Filho casa com quem?
- Com a namorada.
- Mamãe, você quer ser minha namorada?

:o)

24.9.10

Da série "rapidinhas": feijão

Ontem, enquanto batíamos um papo cabeça, Laís vira-se pra mim muito séria e diz:
- Mamãe, você sabia que eu não gosto de feijão?
- Não??? Sempre achei que você adorasse!
- Não mamãe. Eu só como porque tem ferro.
- Ah é?
- É. Porque quando eu crescer, eu quero ser mulher do homem de ferro!

22.9.10

Inforrrrrmação Imporrrrrtante

Não, eu não estou com sídrome de Galvão Bueno. Esse monte de erres aí do título é só pra registrar que, quase como num passe de mágica, no exato dia em que completou 4 anos, Laís chegou em casa com uma novidade.

Disse “Olha mamãe” e colocou minha mão na sua garganta, como eu fazia com ela quando queria mostrar a vibração que o erre faz ao falarmos.
E aí destramelou: “-Prrrreto, prrre, preto. Maneirro, rro rro. Bi-ri, brr, brinco. Viu mamãe?”

Foi maneiro mesmo. Quase promovi outra festa pra comemorar esse marco na vida da pequena.

E de agora em diante, os diálogos que registro aqui, serão recheados de erres!

7.9.10

Músicas daqui, ritmos do mundo


Estou inaugurando hoje a seção #ficaadica do blog. Porque simplesmente acho que belos achados precisam ser compartilhados.

No último fim de semana, foi aniversário de um ano de Rubem, filho da dinda da Laís ( que a Laís só chama de “bombomzinho da dinda”, uma coisa, só vendo) Ele ganhou de presente esse CD que tocou na festa e fiquei imediatamente vidrada : Músicas daqui, ritmos do mundo.

O texto a seguir não é meu, mas dá ima boa idéia do conteúdo, no final tem o link pro texto completo.
"Se fosse apenas um livro, as aventuras de Felícia, Joel e Piuí já seriam divertidas, coloridas e instrutivas. Se fosse apenas um CD, a adaptação de músicas de roda tradicionais para ritmos do mundo inteiro já seria um valioso achado. Juntos, livro e CD são indispensáveis para todos os pais e professores que desejem despertar o entusiasmo da leitura e da música, simultaneamente, em suas crianças.
A ideia do CD Músicas daqui, ritmos do mundo é simples: experimentar as combinações entre nossas cantigas infantis e os ritmos mais conhecidos do mundo todo.Foram convidados músicos e intérpretes de grande qualidade, especialistas em seus respectivos ritmos, para dar nova cara aos clássicos infantis escolhidos.  A seleção foi das melhores, tanto das cantigas quanto dos artistas, e principalmente a adequação entre a cantiga original e o ritmo escolhido.Peixe vivo em ritmo de ópera é uma das grandes surpresas do CD. Fui no Tororó, típico rock interpretado pelo grupo Ira, é o exemplo oposto. Luiz Melodia transforma Atirei o pau no gato em blues, com gaita e tudo. Acabado o CD, o livro prossegue, com Felícia e Joel juntando numa balsa todos os músicos que conheceram pelo mundo. Ao chegarem à ilha, promovem uma grande festa multiétnica e multisonora que põe todo o reino para dançar!
O livro-CD serve como uma divertida ferramenta educativa: com ele as crianças passam a conhecer os diversos ritmos musicais que existem, e de quebra descobrem, na prática, o que é diversidade cultural e por que ela é o maior tesouro da humanidade.”
#Ficaadica

2.9.10

Para Su, com afeto.

Para as minhas 4 leitoras (mamãe, minha comadre e minhas duas melhores amigas) , que não sabem  a quem me refiro no título do post, Suzany é minha quinta leitora. Uma cearense muitíssimo carinhosa, que um dia por acaso achou meu diário (ok, ok, meu “mensário”, vá lá) e como não poderia deixar de ser, se apaixonou por Laís (o que? Vcs acharam que eu ia ter a cara de pau de dizer que ela se apaixonou pelo meu estilo literário? Não queridas, ainda não bati tão forte com a cabeça).

Toda vez que dou aquela minha “desaparecida básica” do blog, ela deixa recadinhos saudosos no meu Orkut, querendo saber como anda Laís.

Esse up-date é pra você Su.


Dia 14 Laís completa 4 anos. Eu ando muito satisfeita de ver que, modéstia a parte, fizemos um bom trabalho até aqui (eu principalmente, e minha equipe de apoio: o pai, a avó e a escola. hahaha).

Pra você ter uma idéia, domingo passado eu queria muito ver a reportagem do Fantástico sobre os mineiros presos no Chile, mas ela ainda estava acordada e queria ver desenho. Aí eu contei pra ela o que tinha acontecido e conforme víamos a reportagem, ela me ia me perguntando e eu explicando a situação para ela.

Na quarta-feira  seguinte, ela achou a cabeça de um santinho da avó que tinha quebrado e falou:

- “Olha mamãe! É a cabeça do papai do céu.”
- É mesmo. Quebrou né? Deixa aí pra vovó consertar depois...

Ela disse “ pelai”, olhou pra cabecinha na mão dela e rezou: “Papai do céu obigada pela minha família, meus amigos, minha saúde, minha escola e poteje os meninos pesos na caverna.”  Deu um beijinho na cabeça e colocou no lugar. Fiquei mais emocionada do que na minha primeira festa de Dia das mães.

Tem sido um exercício interessante compreender que Laís não é uma extensão minha. Nem do pai. Nos imita em várias coisas, é fato, e tem um isso e um aquilo de um e de outro, mas ela já tem as preferências, vontades, virtudes e defeitos que são só dela, não herdou de ninguém.

Ela continua adorando cor de rosa e detesta vestir azul marinho, como eu. Pro meu total desespero e incompreensão ela acorda quase sem fome (igual ao pai) e se recusa terminantemente a tomar um toddy (eu não vivo sem toddy. Se acabar o toddy na terra será o fim dos meus dias). Ando desconfiada, aliás, que ela não curte muito tomar leite. Nem gosta muito de queijo de uma forma geral e detesta requeijão (também pra minha total incompreensão). Com exceção da mussarela da pizza e do parmesão no macarrão. De iogurte ela gosta também.

Detesta dias de chuva e chega a chorar quando acorda e vê que não tem sol. E detesta casaco e calça comprida. Mantê-la calçada então, é uma tarefa hercúlea, até no restaurante a primeira coisa que faz depois de se sentar é jogar os sapatos pra longe.

Ela é bem pouco competitiva, como eu. Se alguém propõe algo como “quem acabar primeiro ganha” ela é a primeira a dizer: “ - Ó, não quelo binca disso não, tá?”. Em compensação é muitíssimo determinada. Dia desses, ela estava tentando estalar os dedos e ficou frustrada por não conseguir. Eu (essa pateta que vos escreve) disse pra ela não ficar triste porque era difícil mesmo e ela ainda era muito pequena pra aprender a estalar os dedos. Ela me ignorou solenemente (thanks God!) e uma semana depois estalava serelepe os dedinhos, inclusive com a mão esquerda, coisa que essa mesma pateta não consegue fazer até hoje.

Lição do dia: nunca, mais nunca mesmo, diga a seu filho que algo é difícil demais pra ele fazer.

Ela é uma menina muito carinhosa e meiga e diz pras pessoas que ama as mesmas coisas lindas que ela ouve de nós. De repente, do nada , me olha de touca de banho com cara de sono e roupão de banho e diz: “Mamãe, você é tãããão linda!”  E ainda faz cara de apaixonada. Eu me esforço um monte para só agradecer sem cair na risada. Mas ela é um pouco manipuladora também. Gosta de fazer um charminho pra conseguir o que quer. O pai então, coitado, sofre na mão dela. Fico muito impressionada de perceber como ela já sabe direitinho como fazê-lo sofrer, ou fazê-lo ceder (confesso que nessa parte eu ajudo um pouco. Shame on me). Ela é muito bagunçeira e presepeira. Adora ficar fazendo danças esquisitas e caretas na frente do espelho. Gaiata a senhorita, muito gaiatinha, mas isso ela puxou do pai (eu sou uma pessoa discretíssima...).

Eu já tenho 3 “netos” Clarinha, Chiquinho e Alice. E ela é uma “mãe” muito atenciosa e carinhosa. Adora brincar de mãe e filha, e eu claro, sou sempre a filha. Esse exercício é muito interessante. Posso reproduzir suas atitudes e ver como, na interpretação dela, eu lido com elas. Eu sei exatamente como ela me vê: ela me acha uma mãe muito carinhosa e muito braba. E ela tá certa. Eu sou isso aí mesmo.

Fala pelos cotovelos (assim como o pai e a avó. Eu, sou uma pessoa muito reservada...) e inclusive, dormindo. Desconfio inclusive que ela fala outra língua enquanto dorme. Acho que é árabe.

Entrou no ballet no mês passado e pra minha surpresa está amando (achei que ela ia achar o ballet um saco e ia pedir pra mudar pra capoeira na primeira semana) e cada vez que veste aquela roupinha de bailarina ficamos eu e o pai babando.

Quase 4 anos, como você pode ver , muito bem vividos até aqui. Agradeço todos os dias por esse presente que a vida me deu, e peço apenas saúde para poder continuar ensinando e aprendendo, e me encantando com a minha filha.

E agora vou  voltar pro ninho, que essa corujinha aqui até cansou de tanto voar!

1.9.10

Discovery Kids e Eu

Ahá! Pe-guei!
Finalmente, depois de quase 3 anos de marcação cerrada,considerando-se que Laís começou a assistir televisão por volta de um ano de idade, consegui pegar um erro (de dublagem, vá lá, mas ainda um erro) no Discovery kids.

Estava vendo aquele famigerado Hi-5 novo (o que aconteceu com os antigos? Ficaram velhos? Tipo Menudo?) quando, naquela parte final onde eles contam historinhas, eis que a menina que narrava a história diz: “- E então eu realizei meu sonho de se transformar em uma estrela no céu!”

Não sei bem há quanto tempo desenvolvi essa estranha obsessão (eu sou mãe, ora pitombas, mães são seres cheios de estranhas obsessões), mas o fato é que, há algum tempo, só consigo assistir Discovery com minha filha se for pra ficar procurando furo.

Logo que comecei assistir Discovery ficava encantada por ver aquela dedicação para criar desenhos bacanas e educativos. A seleção é rigorosa: se não “estimula a raciocínio lógico”, não “desperta a curiosidade” e se não “ ensina a compartilhar”, não serve pro Discovery Kids.

Por que os desenhos da minha época (mãe entregando a idade) eram todos com um animalzinho com cara de zongo mongo metido a fofi que na verdade era sempre um grandessíssimo FDPSD (= Filho da puta sádico dissimulado), como o piu-piu, o papa-léguas ou o Jerry. É claro que não me tornei nenhuma desajustada assistindo Tom e Jerry, que até hoje é meu desenho predileto, mas como mãe achava lindo aquela história de irmãos koala cantando a canção de ajudar:
“tente ajudar, importe-se com os outros
sempre que puder, divida o que tiver
ajudar é bom, me deixa tão feliz!
Vamos lá ajude alguém!
Venha ser feliz também!”

Parece até jingle da Caixa econômica, né não? Aquele toquinho de gente ficava rebolando o fraldão da frente da TV toda feliz, e eu toda feliz de não me sentir culpada por já tornar aquele pitoco de gente numa adicta na caixinha preta. Só que, como eu disse, cresci vendo coisas mas “animadas” do que uma menina de cabelo rosa que inventa histórias para o irmãozinho ou um dinossauro roxo amigo das crianças e cheio de boas maneiras pra ensinar.

Eu cresci vendo Tundercats, He-man e Zone Raiders! Vcs lembram do Mun-rá? Só de lembrar tenho pesadelo até hoje! Pra quem não conhece, resumo:

Tundercats: seres meio felino/meio humanos lutavam contra mun-rá, o de “vida eterna”. Uma desgraça de uma múmia franzina que os espíritos do mal transformavam em uma múmia saradona com olhos vermelhos e esbugalhados. Sinistro.

He-man: um príncipe estilo Roberto Leal (que? vc não sabe quem é Roberto leal? Ah, vai catar no Google pô!) que luta contra um esqueleto do mal que quer conquistar o planeta na companhia de mais uma dúzia de seres do mal.
Ok, vá lá. Se quiser saber quem é Roberto Leal, clica aqui.


Zone raiders: uma parte da cidade (alguma qualquer dos EUA que não lembro agora) era contaminada por alguma porcaria e isolada por uma redoma de vidro. As pessoas lá dentro eram uns zumbis da porra.

Bom, agora pensando melhor, acho que fiquei meio desajustada sim, porque ao invés de ficar feliz com o Discovery e todo aquele universo de coisas boas sendo ensinadas eu fiquei foi profundamente entediada. Até porque vamos e venhamos: os caras compram 5 episódios de cada desenho e passam “ad nauseum”. Acho que deveria ter uma lei que proibisse qualquer mãe de ser torturada tendo que ver 10 vezes o mesmo episódio de (marque um x na opção mais torturante):

( ) Mister Maker!
( ) Lazy Town
( ) Mecanimais
( ) Todas as respostas acima.

Meu desenho preferido  do Discovery é George o Curioso , a quem apelidei carinhosamente de “George o vândalo”. Adoro o episódio em que ele seqüestra todos os cachorros que iam participar de uma exposição e os donos ficam histéricos procurando. Gosto também particularmente do episódio do campeonato de reciclagem, que ele pra poder ter mais embalagens vazias vai até a geladeira e mistura resto de picles com ketchup e calda de chocolate no mesmo pote. Genial! George rasga papel de parede, abre presente dos outros, e derrama suco de uva no tapete novo. George é quase uma criança normal. Ok gente, eu sei, George é um macaco, mas vai dizer que vcs acham que o Charlie (da Lola) é um menino crível? NÃO É NÃO! Charlie é fake, Charlie não existe! Nenhum irmão de 8 anos tem toda aquela paciência com a irmãzinha pentelha de 3! Eu sei! Eu tenho 3 irmãos mais velhos, 3! Vão por mim: Soren Laurence (o amigo imaginário da Lola) é mais real que Charlie.

Aliás, outro irmão que me irrita é o Caillou. Gente onde já se viu um moleque de 4 anos que tem to-da aquela paciência do mundo com a irmã caçula (Rosie)? Ele conta história pra ela dormir! Áhaha-haha (risada insandecida) ! Faz-me rir, mas muito mesmo! E alguém pode me explicar porque o moleque tem 4 anos e ainda é careca?

Na verdade, esse foi o segundo erro que eu peguei, mas demorei tanto pra escrever esse post que acabei esquecendo qual foi o outro.

Em fim, ainda cabe dizer, antes de deixar esse assunto pra lá, que:
- Adorei a estréia de meu amigãozão – produto nacional de primeira qualidade,
- Continuo amando os imbatíveis amiguinhos Backyardigans,
- E o Doki é tudo de bom! :o)

14.7.10

#ficaadica : Aprender sem pressão

Que bom se na vida pudesse ser sempre assim. Estava eu na minha "janela para o mundo" (= 30 minutos do dia pra ler alguma coisa, escrever, ou até mesmo não fazer nada, para "zerar" o cérebro), quando li esse texto maravilhoso do Marcelo Tas na revista Crescer " Aprender sem pressão".
Super me identifiquei. A única diferença é que até hoje tento ensinar Laís a balançar sozinha, mas acho que ela faz corpo mole por pura preguiça...
Boa leitura!

17.5.10

Da série "rapidinhas": do Esteban

Sim, gente, a série "rapidinhas" é infinita, e minha falta de tempo idem, então vamos de rapidinha mesmo.

Essa recebi por SMS da Tia Magá:
Esteban (4 anos)  em momento de reflexão:
- Eu falo muito. Muito mesmo... É! Falo pra caramba! Eu falo tanto que esqueço o que eu to falando. Falo mais que o burro do Shrek!

Rapidinha do João

João é filho da Ju, que trabalha comigo. Quatro anos de pura lógica:

- João! sabe quem tá chegando? A Páscoa!
- É? Quem tá trazendo?
...

João presente no recinto e algum adulto tentando se enturmar pergunta:
-E aí, João, vc tá na escola?
- "Não." Responde ele olhando pra mãe como quem diz: - "Será que esse maluco não percebe que aqui NÃO é minha escola?"

:o)

Rapidinha "made in England"

by, Lady Saskia.
Escreveu tia Magá,a a tia mais coruja e minha co-autora preferida:

"Não pude não contar essa pra vcs... Dia 5 foi aniversário de 5 anos da Saskia. Como os pedidos de presentes de aniversário eram infinitos, minha irmã disse pra ela fazer uma listinha... resultado:
1. PETS (ganhou 2 peixinhos)
2. DRESSES
3. JEWERLY
4. MAKE UP
5. MY OWN CASTLE "

A própria Penelope Charmosa, né não?

4.5.10

Rapidinha do Heitor

Heitor, pra quem não lembra é o "píncepe" da Laís. Recebi esse e-mail da minha amiga Ana hoje:

Ontem à noite Heitor fez algumas pinturas com guache. Uma delas, tinha bastante grama, um lindo céu azul, uma árvore branca (devia ser neve!) e duas manchas verdes. Não consigo fingir que entendo tudo e resolvi perguntar.
 
- Meu filho o que que é isso aqui?
- São alienígenas do mal, mamãe.
Hum...
- E o que é que eles fazem?
- Brincam de boneca.
 
 
Bjs.

29.4.10

Rapidinhas II

Mamãe doente pra xuxu,criança com ar desolado. Pergunto:
- O que foi filha, tá triste?
Ela só balança a cabeça que sim em slow motion.
- O que houve?
Ela só balança a cabeça que não em slow motion.
Depois de mais um tempo de silêncio refletindo, ela resolveu desabafar:
- Mamãe, vc vai ficar assim pá sempe é?

-----
 Indo tomar café da manhã:
- "Mamãe, apeta aqui" disse ela dividindo o cabelo ao meio com as mãozinhas e me pedindo pra apertar.
- Apertar o que filha?
- Meu palafuso mole!
- Que é isso! Vc não tem parafuso mole não!
- Tenho sim mamãe! Apeta!
Apertei pra não contrariar a maluquete e disse:
- Da onde vc tirou isso? Eu não falo isso pra você... Aposto que foi sua professora né? Qual das duas falou isso, a Tati ou a Déia?
- As duas!
- Ah! Então quando elas disserem isso vc avisa que seus parafusos estão apertados porque você ainda está na garantia!
;o)

5.4.10

Rapidinhas

Indo trabalhar:
- "Tchau mamãe! Bom tabalho!"
- "Obrigada minha filha, boa aula pra você.  Estuda bastante física, química, geometria, álgebra, português, história e geografia, tá?" Eu disse, já prevendo uma resposta criativa.
- "Ah! Mamãe, ficou maluca é? Você esqueceu que eu não estudo tudo isso?"
- "Ah, não estuda não? E o que você estuda então?"
- "Binquedo ué!"
---


Dormindo:
- "Uma boca pra falar ME-NOS!" Disse ela convicta, em meio ao sonho.
Sorri e fiz a anotação mental de lembrá-la dessa afirmação quando estivesse acordada.

29.1.10

Chapeuzinho nas manchetes



E-mail recebido da minha amiga Veruschka, mãe da amiga "Laulinha". A-do-rei:

Se a história da Chapeuzinho Vermelho fosse verdade, como ela seria contada na imprensa no Brasil? Veja as diferentes maneiras de contar a mesma história:
Jornal Nacional
(William Bonner): "Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo na noite de ontem..."
(Fátima Bernardes): "...mas a atuação de um caçador evitou a tragédia."
Programa da Hebe
"...que gracinha, gente! Vocês não vão acreditar, mas essa menina linda aqui foi retirada viva da barriga de um lobo, não é mesmo?"
Cidade Alerta
(Datena): "...onde é que a gente vai parar, cadê as autoridades? Cadê as autoridades? A menina ia pra casa da vovozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva... um lobo, um lobo safado. Põe na tela, primo! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não!"
Superpop
(Luciana Gimenez): "Geeente! Eu tô aqui com a ex-mulher do lenhador e ela diz que ele é alcoólatra, agressivo e que não paga pensão aos filhos há mais de um ano. Abafa o caso"
Globo Repórter
(Chamada do programa): "Tara? Fetiche? Violência? O que leva alguém a comer, na mesma noite, uma idosa e uma adolescente? O Globo Repórter conversou com psicólogos, antropólogos e com amigos e parentes do Lobo, em busca da resposta. E uma revelação: casos semelhantes acontecem dentro dos próprios lares das vítimas, que silenciam por medo. Hoje, no Globo Repórter."
Discovery Channel
Vamos determinar se é possível uma pessoa ser engolida viva e sobreviver.
Revista Veja
Lula sabia das intenções do Lobo.
Revista Cláudia
Como chegar à casa da vovozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho.
Revista Nova
Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama!
Revista Isto É 
Gravações revelam que lobo foi assessor de político influente.
Revista Playboy
(Ensaio fotográfico do mês seguinte): "Veja o que só o lobo viu".
Revista Vip
As 100 mais sexies - desvendamos a adolescente mais gostosa do Brasil!
Revista G Magazine
(Ensaio com o lenhador) "O lenhador mostra o machado".
Revista Caras
(Ensaio fotográfico com a Chapeuzinho na semana seguinte): Na banheira de hidromassagem, Chapeuzinho fala a CARAS: "Até ser devorada, eu não dava valor pra muitas coisas na vida. Hoje, sou outra pessoa."
Revista Superinteressante
Lobo Mau: mito ou verdade?
Revista Tititi
Lenhador e Chapeuzinho flagrados em clima romântico em jantar no Rio.
Folha de São Paulo
Legenda da foto: "Chapeuzinho, à direita, aperta a mão de seu salvador". Na matéria, box com um zoólogo explicando os hábitos alimentares dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Chapeuzinho foi devorada e depois salva pelo lenhador.
O Estado de São Paulo
Lobo que devorou menina seria filiado ao PT.
O Globo
Petrobras apoia ONG do lenhador ligado ao PT, que matou um lobo para salvar menor de idade carente.
O Dia
Lenhador desempregado tem dia de herói.
Extra
Promoção do mês: junte 20 selos mais 19,90 e troque por uma capa vermelha igual a da Chapeuzinho!
Meia hora
Lenhador passou o rodo e mandou lobo pedófilo pro saco!
O Povo
Sangue e tragédia na casa da vovó.

Solidariedade

Assunto nada ver com crianças, gracinhas e afins. Quer dizer, na verdade tem, porque meu coração de mãe fica completamente congelado vendo as fotos daqueles pequenos do Haiti, tão sem rumo, meu Deus.

Queria ajudar, não sabia como, até que uma amiga com mais recursos que eu disse que estava recolhendo doações onde quer que fosse e entregando no Viva Rio, que estava enviando os donativos através do Ministério das relações exteriores. Fiz a limpa em casa, comprei mantimentos, mobilizei as pessoas no trabalho e os amigos.

A coisa lá continua feia ( ia dizer preta mas não quero que pensem que estou fazendo "trocadalhos" com um assunto tão sério) mas esse blog que recebi o link hoje mostra um pouquinho do que de bom tem sido feito pra ajudar:  http://eduardahamann.blogspot.com/ , então achei legal divulgar.

Acessem. E se puderem, colaborem.


"Se você não puder alimentar 300 pessoas, alimente apenas uma."
Madre Teresa de Calcutá.

14.1.10

Levando a volta

Ontem Laís e o pai foram comer uma pizza perto de casa, enquanto me aguardavam chegar do trabalho, para que eu não subisse o caminho da roça sozinha e no escuro. Eu já falei que moro na roça ? Bom, a Rio Luz se esqueceu de lá desde março de 2009, caso perdido.

Anyway, cheguei e encontrei os dois bonitinhos, comendo. Ele bebendo uma cerveja. Ela, nada.

Ela então fez sua cara de vítima sofredora, virou pra mim com sua voz de vítima sofredora (aquela baixinha e arrastada) e disse:
- Mamãe, eu quelo um gualaná... ( todas as frases de vítima sofredora acabam com reticências)

Olhei para o pai como quem pergunta: "porque você não deu um guaraná pra criança?" e ele, fazendo aquela cara de "vai cair nessa?" respondeu a pergunta que não fiz:

-É claro que ela já tomou um , Karen? Ela está fazendo essa cena porque quer OUTRO guaraná!

- É filha?
- Hum-hum...
- E você queria me enrolar sua malandrinha?
-Não ma-mãe! Eu que-lia um guá-la-na...
- Tá filha mas você já tomou um, e está de noite. Se você tomar outro vai ficar quicando em vez de dormir! Se tiver com sede pode tomar um suco ou água. Guaraná não, tá?

Ela fez o bico de vítima sofredora e continuou a comer a pizza. Me perguntou se podia tirar o chinelo e eu disse que não, pois as pessoas não ficam descalças no restaurante. Ficamos conversando e comendo. Quando estávamos acabando, pedi ao pai que pagasse a conta. Então ele se levantou e começou a repetir em voz alta os itens que foram consumidos.

Ela rapidamente virou-se e disse:
-Mamãe, o papai pediu meu gualaná?
- Não filha, ele apenas está falando para o Seu Carlinhos que você tomou um, pra poder pagar a conta.
- Não mamãe, ele pediu um gualaná! Pá quem ele pediu?
- Laís, para de querer me enrolar! Vai comer arroz e feijão! Falei rindo.
- Poque?
- Pra ver se você cresce, que é pra aprender a dar a volta na mãe e no pai!

Então ela se levantou, tirou o chinelinho (aquele mesmo, que eu disse pra não tirar) e deu a volta na mesa, passando por mim e depois pelo o pai. Então ela parou do meu lado, com as mãozinhas na cintura e ar de triunfo:
- Ponto! Dei a volta.

Pronto ?
Mamãe definitivamente não está acompanhando a velocidade... Levei a primeira, de muitas voltas... ai, ai...
(esse ai, ai foi de vítima sofredora)

12.1.10

Necessário

Eu, quase levando uma banda da garotinha:

Cena 1: conversa informal na sala.

- Mamãe, o que é necessálio?
- É uma coisa que a gente precisa.
- Como assim?
- Uhmm... Por exemplo: o que é necessário pra ir ao colégio? Mochila, uniforme... O que é necessário pra desenhar? Papel, lápis de cor... O que é necessário pra fazer um bolo?
- Ovo, mantega, leite massa e esquentá!
- Isso! E o que é necessário pra tomar banho?
- Chuveilo, sabonete, shampoo, queme...
- Isso filha! Entendeu o que é necessário?
- Hum-hum!

Corta.
Cena 2: prontas para dormir, já tinhamos rezado e nos calado, quando ela diz:
- Mamãe, por exempo...o que é necessálio pá dormi?
- Cama, travesseiro, camisola e sono!
- Pois é, eu tô sem sono. Posso vê mais um desenho?

Segundos de silêncio. Touché!
Saquei da cartola:

-Acontece que é necessário que crianças pequenas durmam cedo pra poder ter energia pra brincar no dia seguinte. Quando não tem sono, é necessário que a gente feche o olhinho e fique quietinha que o soninho vem. ok? Quer que eu cante uma música pra vc?
-Hum-hum!

Ufa! Essa foi quase. Mas tornou-se absolutamente necessário mamãe se ligar rapidinho, pra não bailar na curva...

7.1.10

O bonequinho viu: e por incrível que pareça não dormiu

Ou: 5 motivos para vc parar de preconceito e assistir numa boa o filme da Xuxa com sua filha.



Sei que corro o imenso risco de perder metade das minhas 4 leitoras fiéis só de pensar em fazer algo que passe perto de um elogio a D. Maria das Graças, mas mesmo assim decidi dar minha cara a tapa. Afinal de contas, se você escreve em um caderno e tranca suas opiniões na gaveta é uma coisa, mas quem escreve na internet tá na chuva, e uma vez na chuva...

Antes de falar do filme "Xuxa em o Mistério de Feiurinha" entretanto, queria fazer um imenso parenteses (eu amo parenteses).

Laís, assim como a esmagadora maioria das meninas da idade dela ama tudo-e-qualquer-coisa que se relacione ao mundo cor-de-rosa das princesas encantadas. Um dia pretendo contar a ela que na verdade o príncipe encantado no cavalo branco é tão real quanto papai noel ou coelhinho da páscoa, mas por hora não vejo problema algum em deixar a menina sonhar. Vocês sabem eu sou meio Poliana: se não existe o príncipe, ao menos nem tanto pouco a Cuca e cia.

Quanto a Xuxa, preciso dizer que não consigo entender porque quase todas as mães da minha geração consideram a pobre senhora o anti-cristo encarnado.

Acho que ela é alienada e manipulavél, mas a acho muitíssimo bem assessorada.

Uma amiga presenteou Laís quando nem tinha completado 2 anos com 3 dos DVDs "Xuxa só para baixinhos" e tirando uma coisinha politicamente errada aqui e outra ali não vi nada de tão prejudicial ao bom desenvolvimento da criança. Ao contrário, a vi aprendendo a contar os dedinhos do pés e das mãos, aprendendo as partes do corpo, se empenhando em repetir gestos que a ajudaram na coordenação motora. Pô gente, na minha época eu já brincava de "cabeça-ombro-joelho-e-pé". A Xuxa é super desafinada ok, mas criança gosta dela porque é divertido e não porque ela canta bem!

Eu acho bacana o projeto do XSPB. Ele não é perfeito, o XSPB 6 por exemplo, eu batizei de "proibidão da Xuxa" e não deixo ver. É demais pra minha cabeça Xuxa vestida igual a filha (inclusive nas maria-chiquinhas-de-aplique) cantando juntas (nem lembro o que) em ritmo de funk com direito a mão no joelho e abaixadinha! A-lo-u!

Anyway, Laís está de férias, teatro ela ama mas é caro pra xuxu e já tínhamos ido ver o formidável "A princesa e o Sapo" e cinema é mais baratinho. Como não tinha estreado "Alvin e os esquilos" a única opção era ver Feiurinha. Minha resistência não era pela jovem senhora, que conforme acabo de relatar levo na paz, mas por saber que o papel principal era desempenhado pela filha da jovem senhora. Não vou falar mal da menina não, apenas simplesmente acho que ela não tem expressão ainda para um papel dessa alçada.

Então, sem mais delongas, os 5 motivos pelos quais acho que o programa valeu à pena:

1. O Roteiro é livremente baseado na obra de Pedro Bandeira o autor de livros infantos juvenis mais vendido no Brasil.

2. O filme é dirigido pela Tizuka Yamasaki. Não que eu pessoalmente a ache essa cocada preta toda, mas os entendidos acham...

3. Hebe Camargo como "Sogra encantada" mãe de todos os príncipes encantados está uma delííícia, linda de viver e ver.

4. Sasha, apesar de fazer o papel título, só aparece "solando" em 3 ou 4 cenas do filme.

5. O figurino é maravihoso.

E de bônus (que não vale o ingresso mas vale comentar), tem os engraçados Angélica e Luciano Huck como Rapunzel e seu príncipe, e Xuxa fazendo piada de si mesma, questionando se já não está um pouco passada para o papel de princesa encantada. Bacana.
#ficaadica