21.12.12

Rapidinha da série "Perguntas difíceis":Tesão



Daí que, como vc não consegue filtrar tudo que a criança houve, o HD deles novinho da Silva que é, registra toda e qualquer porcaria que se ouça.

Então a menina de me aparece cantando:
- “Vodka ou água de coco, pra mim tanto faz, eu já to cheio de tesão e cada vez eu quero mááiis, cada vez eu quero máááis...”
- Onde você aprendeu essa música filha?
- No rádio ué!
- “Ah... tá...” eu disse tentando não chamar atenção para o tema nada próprio da música “Amor de chocolate” do Naldo ( conhece não? Clica aqui e barbariza, vai!) 

Ela continua cantando, de repente para e pergunta:

- Mãe, o que é tesão?

Pensa rápido Karen, pensa rápido...
- Ah filha tesão é uma coisa que adulto sente...  É tipo  assim uma cosquinha mas não dá vontade de rir, entende?
- Não. Explica melhor?

Cacete! Como eu odeio funk! De novo apelei pro Google pra me salvar:

- Ah, não sei como explicar melhor. Vou procurar na internet uma forma melhor de te explicar e aí te mostro tá?

- “Tá!” Ela disse, e voltou a cantarolar “Alto em cima, alto em cima, em cima! Em cima! Em cima!”

Sorte minha que ela não cobrou a resposta depois. Aceito de bom grado sugestões para o caso de ela lembrar e cobrar. 


29.8.12

O Casamento


Há algum tempo, Laís quis ver as fotos do meu casamento e descobriu, desolada, que eu e o pai não somos casados. Nem no papel, nem na igreja. Nadica. Sem documento, sem foto da festa.

Expliquei pra ela que na época em que resolvemos viver juntos tivemos que fazer uma escolha: ou festa, ou móveis para casa. Escolhemos os móveis e assim foi.

A verdade inteira é quase isso: de fato não fazíamos questão da igreja, mas queríamos muito a festa. Um “almocinho só para a família e os mais chegados” apenas pra dar satisfação pra quem quer que a quisesse, não fazia parte dos nossos planos e, ambos concordamos que pra fazer meia boca era melhor não fazer. Era uma ocasião deveras importante, não dava pra repetir depois, né?

Dez anos se passaram,  Laís chegou e aí voltei a pensar na festa. Achei que seria um sarro se ela fosse nossa madrinha. A essa altura, nós já queríamos uma festa um pouco diferente do plano inicial lá trás. E como já tínhamos esperado até então...

A menina começou a colocar uma pressão: resolveu que não queria ser madrinha não, que isso é coisa pra adulto, ela seria dama de honra. Começou a cobrar a data. Não perdia uma oportunidade de parar na frente de uma vitrine de loja de vestido de noiva para escolher o meu e o dela, lógico.

E como apesar de tudo isso não viu nenhuma movimentação no sentido de realizar seu sonho de ser daminha, bolou um plano maquiavélico e colocou mãos a obra (porque quem sabe faz a hora, não espera acontecer).

Domingão de sol e preguiça com visita amada e ilustre em casa: o dindo. É muito amor esses dois juntos, mas vamos focar na historinha. 

Caprichei no cardápio. Coisa simples, mas feita com amor, acabou dando aquele sono depois de comer. Eu pra piorar fiquei com uma dor de cabeça daquelas. Pedi licença ao dindo que já é de casa e fui me deitar um pouquinho. O pai ficou vendo jogo e o dindo meio vendo/meio cochilando do lado.

Enquanto isso ela colocou o plano em prática: foi ao banheiro e pegou escovas, pentes, mousse e silicone e abriu um “salão” na sala. Obrigou o pai a ser “penteado”. Depois ela se penteou e se maquiou e partiu para a fase II do plano: convites e “lembrancinhas”. 

Criança muito quietinha é sinal de apronto, mas o pai vendo futebol e a mãe descansando? Rá! Nunca foi tão fácil...  Ela pegou convites e os saquinhos de lembrancinhas que sobraram da festa dela do ano passado, colocou giz de cera e bola de encher (vazia, claro) e, fase II concluída, hora de preparar a noiva.

- Mãe, vc já descansou bastante, levanta pra vir pro seu casamento!
- Que casamento? Eu tô com dor de cabeça ainda filha, perae...
- Mas mãe! Tá tudo pronto!
- Tudo o que Laís? Pelamordeus!
- “Tudo,tudo mãe, só falta você ué!” Disse ela começando a ficar nervosa.
- Ai Laís, não dá pra casar outro dia não filha? Semana que vem eu caso...

Aí veio o golpe de misericórdia: "- Quer dizer que eu fiz tudo isso pra NA-DA? Penteie meu pai, me penteei, me maquiei, fiz convite, lembrancinha... E agora..." Disse ela já num fio de voz,  fazendo aquele gesto com as duas mãozinhas  com as palmas pra cima como quem diz “e agora?” E começa a chorar.
- Calma. Calma filha, não chora! Vc fez lembrancinha?
-" Fiz!" Exclamou com os olhos marejados e a voz esganiçada.
“Pior das mortais”, pensei eu com meus botões. - Tá, eu caso então! Mas eu posso casar assim de bermuda?
- Assim não né mãe? Tem de por um vestido! Peraê que vou escolher um pra vc! Pode ser esse preto?
- Preto não filha, onde já se viu casar de preto! Pode ser esse verde de florzinha?
- Não. Não gosto desse. Tinha de ser branco né mãe?
- Branco eu não tenho. Pode ser esse vermelho e branco?
-“Pode! E eu posso usar esse vestido mãe?” Disse ela pegando um lindo vestido de festa que usou apenas uma ou duas vezes só.
- Claro, filha, esse vestido é perfeito para uma daminha! Veste e vem me maquiar enquanto eu me penteio!
- “Eu posso te maquiar????”  Alegria master brilhando nos olhinhos da criança. Acertei uma, finally. 
- Claro ué, você não é a dona do Salão?

Fiz algumas tranças e prendi tudo num coque baixo. Ela me emprestou seu laço branco para combinar, me maquiou (muito direitinho diga-se de passagem) e improvisou um buque: 3 tulipas de madeira que a avó usa de enfeite em um jarro e que “combinaram perfeitamente” com meu vestido.

- “Toma, leva essa calça e esse sapato pro seu pai e manda ele vestir.” Eu disse entregando a indumentária do noivo pra ela. 
- E a camisa mãe?
- Ah, deixa ele casar com a do Flamengo mesmo que ele vai ficar feliz.
- “Tá.” Disse ela correndo escada abaixo e amando aquilo tudo. “– Paaaai! Não soooobe, vc não pode ver a noiva! Eu vou levar sua roupa!

Ela subiu de novo esbaforida, e perguntei quem seria o padre. “- Meu dindo!” Disse ela triunfante com aquela cara de “eu pensei em tudo”.  – Só falta as alianças mamãe! 

A avó e o tio entraram na onda. A avó colocou um chapéu de abas largas e ficou no “altar” com o noivo enquanto o tio, na ausência de meu pai, me conduziu pela escada até o altar que era o meio da sala. 

O dindo ainda caprichou na performance, usando uma “varinha de condão” da Laís em forma de estrelinha com efeito sonoro e tudo, pra hora do “pode beijar a noiva", e as alianças foi a própria  Laís que colocou nos nossos dedos.

A festa foi regada a brindes de coca-cola  em taças de champanhe e pavê de chocolate (que sobrou do almoço) e o pai confessando que ficou de verdade emocionado com aquela coisa toda! Rsrs E eu confesso que não poderia querer casamento mais mágico do que esse. Tudo exatamente como eu NUNCA planejei!

E foi assim que, numa tarde preguiçosa de domingo, Laís realizou seu sonho de ser daminha e ver os pais finalmente casados.  E que os anjos digam, amém!




22.8.12

Laís e Clarinha


Quando Laís tinha poucos meses de vida, ganhou de presente da tia, uma boneca pretinha, que eu muito gaiatamente batizei de Ana Clara. Clarinha, para os íntimos.
Logo que teve idade e tamanho suficiente para brincar com ela, “Calinha” virou desde sempre a boneca preferida.

Eu disse boneca? Desculpem, falha minha.  Membro da família. Era minha neta, até bem pouco tempo atrás. Espertamente quando ela viu que um irmãozinho não ia rolar, perguntou se eu me incomodava de ser mãe da Clarinha também, assim ela teria uma irmãzinha. (chantagem emocional? Claro que não gente, ela não tem malícia pra isso!)


A Clarinha tem a cabeça e membros de plástico, e o corpinho é fofinho, assim meio almofadinha.O problema é que o tecido é aquele TNT fajuto, sacam? Depois de um bom par de anos indo pra escola, andando de velocípede, viajando e outras coisas, o corpinho de Clarinha começou a dar sinais de cansaço.

Caí na asneira de tratar Clarinha como uma boneca e com  graça de um paquiderme que por vezes me é peculiar,  disse pra criança que era hora de trocar aquela Clarinha por uma nova. Crise convulsiva de choro. Com direito a beicinho tremendo. Me senti a mais infeliz das criaturas vendo aquele desespero todo causado pela minha total falta de tato.

A avó acudiu. Costurou a Clarinha da forma que pode, ficou meio tortinha, mas eu completei com um belo banho e uma roupa nova e pronto! Todos felizes de novo.

E Clarinha voltou a andar de velocípede. E Bicicleta. E a ir pro cinema e pro shopping. A situação ficou crítica: Clarinha estava perdendo as duas pernas e  um braço. Precisava de internação urgente. Tivemos uma conversa séria e depois de nova crise de choro (um pouco mais conformado dessa vez) procuramos uma boa clínica para interná-la.

Chegando lá, a recepcionista, enfermeira apresenta o dignóstico: tem cura, mas o tratamento dura 30 dias.
“- 30 dias é muito mamãe?” Ela perguntou aflita com lágrimas nos olhos.
- É sim filha, é bastante. Mas o médico vai cuidar muito bem dela pra vcs poderem brincar muitos e muitos anos tá?
- Um-hum...  Mas eu posso vir visitar ela mamãe?
- Ih filha não, mas olha, vamos comprar uma roupinha nova bem bacana pra ela pra quando viermos buscá-la, tá legal?
“- Um-hum.” Pode ser uma de calor e uma de frio?  Ela respondeu tentando se conformar.

Clarinha ainda vai ficar internada 10 dias. Com o aniversário chegando, e a grana curta, disse a ela:
- Filha olha, esse ano não vai dar pra comprar vários presentes tá? Escolhe só um, mas uma coisa que vc queira bastante.
- Hum... Então vou querer um playmobil férias!
- Ah filhote, playmobil é um monte de peça pequenininha, vc perde tudo logo... Não prefere uma boneca? Uma que vc queira muito?
-Ah já sei então! Eu quero a Clarinha de volta! Ela fica boa antes do meu aniversário mamãe?

Dessa vez fui eu que chorei de beicinho tremendo. Dá pra amar mais?

21.8.12

Rapidinhas: da série "perguntas difíceis"

- Mãe, de que é feita a nuvem?
- De ar, e água.
- Ar?
- É
- O que a gente respira?
- Esse mesmo!
- Mas o ar não é invisível?
- É
- Mas então porque a nuvem é branca?

Sim, porque senhoras e senhores? Vcs sabem? Também não? Então vamos a explicação do oráculo (=google):
"Elas contêm uma grande quantidade de gotículas e pequenos cristais de gelo, que agem como pequenos prismas, decompondo a luz solar nas sete cores do arco-íris: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. "Assim, para quem olha a nuvem, o resultado final é a soma de todas essas cores: o branco", afirma o meteorologista Mário Festa, do Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo (USP). Já o formato da nuvem varia conforme a altitude em que ela se encontra. As mais altas, lisas e horizontais, são chamadas de estratos. As cirros, também em altitudes elevadas, são curtas e têm forma fibrosa. As cúmulos parecem flocos de algodão e encontram-se perto do solo. Já as cúmulos-nimbos, também próximas da superfície terrestre, são largas, fofas, escuras e geralmente produzem tempestades."
Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br

Eu fico me perguntando como os pais faziam antes do Google?


Oi, eu sou uma cúmulo, vc sabia?


17.7.12

Rapidinhas Juninas

Recentemente publiquei esses dois textinhos no meu Face, mas para não correr o risco de cair no esquecimento trouxe pra cá, pro meu álbum de recordações.... 

Pra quem ainda não acredita que eu moro na roça. Ligo pra casa pra falar com minha filha. Minha mãe atende o telefone e diz:
- "Ela tá lá fora no quintal fazendo fogueira com o pai. Quer que chame?"
Ela chama e a menina toda alegre me diz que vai jantar salsichão e milho assado na fogueira.
Tá bom procês tudo, cumpadis e cumadis? #anarriê

*****

Da série: "anarriê, cumadis e cumpadis":
- Mãe, to ferrada! (não não é exagero foi esse o termo usado pela menina)
- Porque minha filha?
- Porque além da minha turma eu vou ter que dançar com o primeiro ano e a quadrilha!
Vejam bem: com o primeiro ano serão dois pares, na quadrilha também=
1 festa, 1 menina, 5 ( eu disse CINCO sras e srs) pares.
#comolidar?

*****

Na verdade, ela tinha me contato dos pares alguns dias antes. Perguntei se ela ia dançar com o Bruno e ela disse que não. Que dançaria com o João Marcelo e o Miguel. A turma dela na escola tem 7 meninas e 9 meninos. Era matatematicamente deduzível ( não que eu seja boa nisso) que teria menina de "desdobrando" pra atender a demanda. Era obviamente calculável que essa criança dada comunicativa e sociável que coloquei no mundo assumeria feliz essa missão. Depois fiquei sabendo que a turma dela dançaria duas vezes e assim entra mais Cauã na conta.
Daí ela chega em casa e diz:
- Mãe, adivinha!
- Ah filha, minha bola de cristal ainda está na assistência técnica. Me ajuda aí.
- O que é assistência técnica?
- Conserto.
- Sério???
- Claro que não. Eu não tenho bola de cristal. Me conta logo porque eu não vou adivinhar.
- Hoje a Luana me chamou pra ensaiar com o primeiro ano!
- Sério? E vc vai dançar com eles?
- Não... Só ensaiei..
- "Que bacana Laís! E porque a Tia chamou logo vc? É porque vc sempre decora as músicas e as coreografias de todas as turmas?" Eu disse rindo.
- "Aham!" Respondeu ela animada.
- E com quem vc dançou?
- Com o Pedro e o Arthur.
- Mais dois Laís? Vc tá demais hein?
E rimos muito as duas.

*****

Chegou o dia da festa. Laís ficou doente na véspera mas não vou detalhar essa parte. O importante é que ela foi na festa. Era muito responsabilidade deixar 5 rapazinhos a pé, e não podíamos deixar isso acontecer, não é mesmo?

Acaba a quadrilha e em seguida entra ela de novo dançando com a turma do primeiro ano. Só então é que vi que o Pedro que ela se referia vinha a ser o Pedro Gusmão, irmão mais velho do Bruno Gusmão, pra quem não lembra, o "meleca I".

Olhei pro lado e vi a Ju, mãe dos meninos com uma cara de interrogação quando viu o Pedro dançando com a Laís. Olhou pra mim e eu rápida, decretei:
- Tem jeito não Ju! De um jeito ou de outro Laís entra pra sua família! A menina é esperta, tá pensando o que?


Olha a Chuva! É mentira!

13.6.12

Laís, vovó e a sustentabilidade.

A Vovó estava lendo o jornal  (inteirinho como de hábito), quando viu uma matéria interessante no Globinho, com dicas para as crianças de coisas que elas poderiam ensinar aos pais e praticar para terem hábitos sustentáveis. 
" - Toma, lê pra ela. " Disse minha mãe me entregando o jornal. Laís se assanhou toda quando cheguei na terceira dica (eram 20 ao todo) e ela percebeu que já fazia todas elas: desligar a torneira enquanto escova os dentes, separar o lixo, desenhar dos dois lados do papel...
Animada, ela propôs um jogo de certo e errado, me pediu para marcar com lápis um "C" no que ela fazia e um "X" no que ela não fazia. Ficou muito satisfeita quando viu que marcou 15 certos para apenas 5 errados.

Passaram-se alguns dias, e vem minha mãe me contar que Laís chegou da escola e foi correndo fazer xixi. Saiu do banheiro, desligou a luz mas não deu descarga. Daí ela questinou:
- Ô Laís, vc não esqueceu de nada não hein? Vc sempre deu descarga, agora tá desaprendendo é?
- Não vovó! É que dar descarga toda hora não é sustentável!!

A dica era " não dar descarga desnecessariamente" ela só fez número 1, achou que não era necessário. Faz sentido o raciocínio né? rs 


Nota mental: Falando nisso, lembrei que preciso explicar pra minha mãe qualquer hora, que dar aquela maquigem dela vencida há dois anos, da marca " la garantía soy yo" pra criança maquiar as bonecas não é realmente um bom exemplo de reciclagem e sustentabilidade. 


10.5.12

Café da manhã vapt-vupt da Laís

Ingredientes:
1 mãe relapsa e egoísta cansada porque chega tarde do trabalho dia sim, dia também

1 criança independente e aberta a novas experiências

1 xícara bem cheia de uma fome de ontem

1 pitada de “não posso esperar nem um minuto porque o mundo está aqui para me servir e só tenho 5 anos”

diversos potinhos na geladeira (feitos com carinho pela mamãe ou pela Danone para vc, ou não....)

1 colherinha. De nada, não, só a colherinha mesmo vc vai precisar dela pra comer seja lá o que for. (o que fica no alto? Usa um banquinho  né, mané? Ou então fica aí, esperando sua mãe rela cansada acordar! Tsc, tsc)

1 pitada de criatividade

Modo de fazer:

Chame pela sua mãe cansada  em voz alta mais ou menos umas dez vezes, até se certificar de que, depois dela pedir chorando pra vc “não... por favor... só mais 5 minutinhos” ela não vai mesmo levantar nos próximos 20 minutos, pegue sua pitada de “não posso esperar nenhum minuto”  mais sua xícara de fome de ontem e parta para a exploração da geladeira. Após fuçar todos os potinhos e declinar do rápido e previsível  Danoninho, misture sua abertura a novas experiências com a pitada de criatividade para imaginar que aquele purê de inhame que a mamãe fez pro seu jantar pode ser um excelente café da manhã, assim mesmo, comido no potinho e gelado (até porque se ela te pega mexendo no micro ondas a coisa pode ficar muito feia pro seu lado)! Pegue sua colherinha e bon apetit! Depois vc ainda pode comer umas uvas de sobremesa, ou aqueles damascos secos da vovó dando sopa ao alcance da sua mão.
Afinal de contas quem é que inventou que café da manhã não pode ter sobremesa, hein? 

Rendimento: 
uma porção ( ou quantas vc quiser já que vc é quem manda mesmo enquanto ela dorme)

3.5.12

Crescendo e aprendendo

Eu tenho uma sorte grande em relação a Laís: ela nunca foi do tipo de criança que a gente não pode piscar que já está fuçando no fogão, brincando com faca ou ficando em pé na mesa de vidro. Eu posso me dar ao “luxo” por exemplo,  de ficar na minha cama fazendo preguiça (sim porque dormir já é pedir demais) em um domingo pela manhã que ela fica lá, placidamente vendo desenho, brincando, desenhando... Isso é claro até a página dois, quando ela começa a ficar entediada e começa batucar em tudo que encontra, com a intenção, nada inconsciente, de acordar a casa inteira.

Levantei tipo uns 40 minutos depois dela. Ela me viu veio correndo se jogar num abraço.  Com os olhinhos brilhando e, toda orgulhosa de si mesma, dispara:
- Mamãe! Adivinha quem fez meu café da manhã?

- Deixa eu ver: seu pai ta dormindo, sua vó também, eu não fui....

- Eu !! Eu que fiz, sozinha!

- Mesmo filha? Que ótimo! E o que vc fez?

- Fiz toddy e sanduíche!

- Ai Jesus! Vc não ligou a sanduicheira né? Vc sabe que não pode, né? Vc sabe que queima!!

“- Nããããooo mamãe, fiz frio mesmo ó!”            

 Disse ela me arrastando pela mão pra mostrar o sanduíche. Estranhei o “volume” do recheio, uma vez que sabia que queijo e presunto não eram itens abundantes na geladeira àquela altura do campeonato.

- Filha, o que vc colocou dentro do pão?

- Minhas torradinhas com manteiga!! Coloquei um pouco de sal temperado também! Tá uma delicia, quer provar?


E aí, alguém servido?

13.4.12

Pensamentos aleatórios: "momento Avestruz"

E daí que minha amiga Ju posta assim no Facebook:
“E vc pega um táxi com o escudo do FLUMINENSE no retrovisor. Seu filho:
- Moço, você sabia que você é um poooouco viadinho?".
- Joãããoooo!!!!!!!!!!!
- Ué, mãe. Mas ele é tricolor também, igual aos outros!”

Isso me fez refletir que todas nós mães passamos por esses “momentos avestruz” na vida.
O meu pior foi o seguinte: como vcs sabem eu moro na roça. A minha estrada tem asfalto no meio, mato de um lado, mato de outro.
Eis que numa linda e ensolarada tarde de verão, saímos eu e a criança para observar bichinhos (besourinhos, micos e tal) na estrada.
Acontece que a minha estrada, é o caminho di-á-rio de uma travesti desses que são muito, mas muito travesti mesmo.  Ela era assim: magérrima, alta, moreníssima,com um cabelo "a La Gal Costa" que ela anda preso em um rabo de cavalo sempre com uma flor bem grande enfeitando. A blusa é sempre pela metade. Barriguinha de borboleta sempre a mostra. Maquiagem sempre carregadíssima a La Amy Winehouse a qualquer hora do dia. Resumo da ópera: impossível passar despercebida.
E como era impossível não perceber, Laís percebeu, olhou pra mim e disse naquele volume bem baixinho característico da minha família meio baiana-meio italiana:
- Mãe, olha que mulher mais esquisita!
Se eu estivesse em um shopping cheio eu tranquilamente ficaria olhando fixamente para uma vitrine e fingindo que desconhecia aquele pequeno ser que, certamente estava me confundindo com a mãe dela,"olha que gracinha"! Mas não gente, era minha estrada. Lá na roça, com mato de um lado, mato do outro, eu, Laís, a travesti e os bichinhos por testemunha!

Só me restou catar um buraco pra tentar me fazer de avestruz, mas cadê? Nem isso! Nem isso! 
 
Ai que inveja desse carinha!!
 

29.3.12

Os Melecas: II e III.

Vcs lembram quando eu contei do Meleca I? Pra quem não lembra, clica aqui vai, pra poder acompanhar a conversa.
Pois é. Estamos no Meleca III!! Sim, vcs não entenderam mal, eu escrevi Meleca III.
#

Eu, ainda dormindo preparando o café da manhã meu e da criança (sim sou “quase sonâmbula”), quando me chega ela serelepe puxando conversa:
- Mãe, vou te contar uma coisa! Eu to namorando de novo!

Eu, lembrando que o melhor a fazer com esses papos é não dar muita confiança (ou ao menos fingir que não dá):

- É? Você voltou com o Bruno?

- Não!!

- Ah é, vc estava namorando o João Marcelo ( = Meleca II), esqueci....

- “O João Marcelo é muito calminho.” Disse ela, fazendo cara de “não rolou”.

- Sei. Não combinava com a sua “sapequice”.

- “É!” Concordou ela rindo.

- Sim e quem você está namorando então? O Cauã?

- Não!! Adivinha?

- Filha, tem muito menino na sua sala. Facilita a vida de mamãe. Me conta logo.

- Ó: ele é louro, mas não é o Bernardo Carvalho!

- Vc tá namorando o Be Galvão?

- Isso! Como vc adivinhou? (como eu adivinhei: só tem dois louros na turma. Ela disse o que não é. Dãã)

- Mas filha até onde eu sei o Be já tem DUAS namoradas! Suas MELHORES amigas!!! ( sim vcs não leram errado, eu escrevi duas. E minha psicologia de não dar confiança pro assunto foi pro espaço nesse exato momento)

- Mas a Sophia saiu do colégio. E a Maria deixou eu namorar com ele!

- E ela, vai namorar quem?

- “Sei lá ué. Nem me interessa!” E então ela deu de ombros e saiu categórica com sua torrada e o toddy encerrando o assunto.


Ps: pra quem não lembra, clica aqui pra ver porque eu não chamo mais os Melecas de Meleca ( na frente dela, claro! )

;o)

14.3.12

Contos de carnaval


Foliã. “Pero no mucho”.  

O Carnaval lá de casa foi dividido assim:  
- Sábado foi dia de Laís ir pro bailinho comigo (caído, mas ela se divertiu, que é o que importa);
- Domingo foi dia dela ir pra piscina com a avó, enquanto papai e mamãe caiam na folia e  recordavam os velhos tempos de bloco de manhã de tarde e de noite ( ai, ai meus tempos...) ;
- Segunda-feira  de novo dia de Laís, até porque mamãe já não é mais aquela (o que que a gente faz com ela?)  e “num guenta” dois dias seguidos de bloco de manhã, de tarde e de noite.
- E terça era pra ser o dia da família reunida na gandaia.  

Terça de carnaval, pela manhã:
- Laís, hoje o papai e a mamãe querem ir no bloquinho junto com vc... Quer ir com a gente?

- “Ih mãe, eu to meio resfriada... To com tosse, minha garganta ta doendo um pouco... Eu to também com um pouco de dor de cabeça..."
Diz ela com cara de “não vou nem a pau”, balançando a cabeça negativamente.

- Entendi... Você está indisposta né ?

- "Hum hum..."
Responde ela ainda com a cara de “neeeeeem  pensar” e o balançar de cabeça, pra dar ênfase. Ela é realmente muito expressiva.  Já disse isso pra vcs né?  

- Bom, nesse caso, você se incomoda de ficar em casa com a vovó de novo e deixar o pai e a mãe irem?

- Ah não mãe! Eu quero ficar com você!

- Poxa Laís, só tem um carnaval no ano filha! E a mamãe adora carnaval! Deixa eu ir vai! Por favor!!

- Quantos dias mais você vai ficar em casa?

- Amanhã vou ficar o dia todinho! Grudadinha em você! Eu vou te sufocar de tão grudada!

- Tá, então você pode ir!

;o)


Quesito enredo
Eu, wil e minha mãe, assistindo ao desfile da Mangueira* e comentando que achamos demasiado o espaço que o Bafo da Onça recebeu no desfile:
- Entendo que o Bafo fosse o rival histórico do Cacique de Ramos, mas daí a bateria vir metade índio -metade onça, a rainha de bateria idem, porta-bandeira idem, Alcione idem, ter um carro todo dedicado ao tema, e ainda mais umas 3 alas pintadas achei demais. Parece até que o homenageado é ao Bafo e não ao Cacique!

Eis que a criança, que até então parecia brincar distraidamente alheia a nossa conversa,  pula na frente da televisão:

- Deixa que eu explico pra vcs! O Cacique não é índio? Os índios não defendem a floresta? Então: ele é protetor da onça! Entenderam? Por isso que tem tanta onça na escola!

Alô Liesa: olho nessa menina. Será a melhor jurada do quesito enredo no carnaval de 2027!!

*Não, eu não “abandonei minha religião” e deixei a criança acordada na madruga assistindo desfile que eu não sou doida.  Lá em casa temos aquele recurso maravilhoso de gravar a programação e colocarmos pra assistir a hora que dá na telha.  Esse episódio foi à tarde, antes da apuração... 


26.1.12

Como desglamourizar uma princesa - em um ato.

No final do ano passado teve o aniversário de uma das amiguinhas mais queridas da Laís. O tema, foi “Rapunzel” com direito a presença “da própria” pra ficar paparicando a aniversariante. Semanas depois Laís está vestida com sua fantasia de Rapunzel, brincando tra-la-lá da silva quando de repente entristeceu e ficou amoadinha, sentada em um canto (não numa pose qualquer, diga-se de passagem, com pose de princesa, bem afrescalhada e afetada).

- Ué filha, o que foi que houve?...

- É que eu to triste porque a Rapunzel só gosta da Sophia e não gosta nem um pouco de mim...

- Como assim filha?

- É porque na festa ela só queria ficar com a Sophia...  (Diz a criança num fio de voz, sofrendo um monte.)

- Mas filha, era o aniversário dela. Foi a mãe dela que chamou a Rapunzel e pediu pra dar atenção pra ela...

- Mas eu queria que ela gostasse de mim também...

- Ela gosta filha. Onde já se viu uma princesa não gostar de outra princesa?

- Não gosta não... Ela nem queria ficar comigo... E eu tenho medo que no meu aniversário na minha festa, ela nem queira ficar comigo! (Diz a criança agora cruzando os braços e fazendo um bico de marreco. Os olhos começam a marejar e resolvo colocar um ponto final na história)

- Filha vou te contar uma coisa não muito legal...

- O que? (Diz a criança olhando um ponto fixo no chão sem nem me dar muita confiança)

- É que na verdade a Rapunzel ela é uma princesa que trabalha sabe? As mães das meninas contratam, contratar significar pagar dinheiro, sabe? As mães das meninas contratam ela pra ir nas festas e dar atenção só pra aniversariante. Ela foi PAGA pela Tia Michelle pra só ficar com a Sophia entende? Então, vc pode ficar tranqüila porque na SUA festa a mamãe vai CONTRATAR a Rapunzel para ela ficar só com vc. Se você quiser eu digo pra ela nem olhar pro lado só pra vc ok? E desfaz esse bico que essa Loura piolhenta não tá com essa moral toda não.

- Piolhenta? A Rapunzel tem piolho mãe?????? ( Diz a criança agora me dando atenção, com uma cara meio incrédula)

- Eu desconfio que sim... Com aquele cabelão todo os piolhos devem ter dito assim: “Oba! Olha esse clube aqui que maneiro rapaziada! Bora geral escorregar nesse tobogã, êêêê!” Aposto com você que tem um milhão de piolhos morando na cabeça dela!

- Eeeeeeeeeeeca!!! (Diz a criança agora já com um sorriso no rosto)

- Pois é... Eu se fosse vc não ia querer essa piolhenta na minha festa não! Porque vc não brinca com a sua fantasia da Sininho que inclusive é mais fresquinha que essa aí?

- Não! Vou colocar a da Mulher Maravilha! (Diz a criança já correndo escada acima e esquecendo aquela bobagem de Rapunzel)

Acho até que peguei leve. Podia ter dito que a Rapunzel era uma interesseira que só era amiga das meninas por dinheiro... E agora acho que teremos uma festa da Mulher Maravilha em setembro! ;o)

Olha a carinha dela de quem tá doida pra dar uma coçadinha....

24.1.12

Quem pode, pode...

Estávamos passando um fim de semana em um hotel fazenda em Paulo de Frontin. Esbarramos com uma turma tão animada, mas tão animada que inventaram de fazer um desnecessário (porém divertidíssimo) churrasco na piscina do hotel, para o qual o hotel ofereceu a infra e acompanhamentos (a carne e bebida foram obviamente por nossa conta).

Lá pelas tantas o assunto recai sobre a beleza de um menino, filho de uma das convivas:
- Esse menino vai destruir corações!
- É lindo demais da conta!
- Repara o sorriso...

Ele ouvia os comentários e fingia que não era com ele acanhado, como qualquer garoto de 9 anos ficaria (creio eu). Foi quando  resolvi, sem dó nem piedade,  piorar a situação dele, dando uma de tia velha ( daquelas que fazem de um tudo pra nos deixar sem graça e apertam  nossas bochechas e dão meias e pijamas de natal) :

- Felipe, você quer namorar comigo quando crescer? Eu abandono minha família, te dou casa comida e roupa lavada...

A Tia de verdade sai em defesa do moleque:

- Ah não Felipe! Ela é muito velha pra você! Diz que ela não pode namorar com vc não!

Ao que Laís ( Laís gente, minha filha de apenas 5, eu disse CINCO anos) retruca sem pestanejar (eu disse SEM PESTANEJAR, NA LATA):

- Mas eu posso!


Sorte dela que o pai estava pescando nessa hora. Aliás, sorte dele. Acho que teria deprimido se tivesse presenciado a cena...

Eu voltei... Agora pra ficar...

Antes de mais nada queria justificar minha mais prolongada ausência desde o dia em que comecei a escrever aqui. O fim de ano não foi mole pra ninguém ok, eu sei, mas pra mim não foi mole e meio.  Essa coisa de não ter recesso, mais a correria normal do fim do ano foi de “travurejar”*. Foi também um período de mudança real (não aquela coisa de promessa de ano novo de “vou começar uma dieta” etc). Encerrei um ciclo de dois anos e meio atendendo o mesmo cliente e iniciei em um novo trabalho, um novo e delicioso desafio sem intervalo pra pegar fôlego. Ufa!

Tenho é claro guardadas na manga algumas historinhas divertidas que se tivesse ânimo na ocasião já estariam aqui no blog faz tempo.

Aos poucos vou atualizando vocês...

* Procurei no dicionário e não achei esse termo. Acho que foi meu pai que inventou isso , pelo menos eu aprendi com ele.  Significa trincar os dentes ( aquele trincar de desespero sacam? ) no dicionário de "Gilbertez".