16.10.08

Mudei de Idéia

Costumo defender com afinco meus pontos de vista, mas não sou teimosa a ponto de perceber que estava errada e não mudar de idéia. Acho radical ser “uma metamorfose ambulante”, mas prefiro não ter “aquela velha opinião formada sobre tudo”.

Relendo meus antigos posts dos outros blogs, vi que uma coisa é o que você acha que fará. A outra é o que você realmente faz.

A questão da cadeirinha da bicicleta por exemplo. Acabei colocando na frente, e não me arrependi. Nós quase levamos uns dois ou três estabacos fenomenais, mas quando você tá com a criança Deus manda reforços na proteção. E ela ama andar de bike! Quando o pneu furou e encostei a bicicleta por uns tempos ela sempre cobrava. Eu dizia: Vamos passear Laís? E ela logo emendava: De biciqueta!

Ah sim!! Eu disse que ela só andaria de capacete né? Que não era negociável. E pronto. Pois ela andou de capacete uma vez. Na primeira eu belisquei o pescoço da garota na hora de prender o fecho e foi um escândalo daqueles. Não quis colocar mais nem por decreto e eu achei sacanagem não levá-la pra passear depois de toda preparação. Pedi reforço aos céus (que eu sei que ele manda) e lá fomos nós pra orla do Flamengo cantando e tudo.

Na segunda tentativa, depois de muito esforço consegui convencer que o troço tava larguinho que não ia machucar de jeito nenhum e etc, e o resultado foi que o capacete ficou caindo no olho dela até que ela se irritou e arrancou o troço e jogou longe no meio da ciclovia, em tempo de arrumar um acidente.

Desde então continuo apelando pra deus na hora de sair e lá vamos nós: sem capacete.

E os brinquedos chauvinistas? Aqueles que eu cuspi fogo dizendo que era “um absurdo ter de um tudo pra menino e pra menina só ter bebezinho disso e daquilo, e aspiradorzinho, ferrinho de passar roupa” e por aí vai.

Menos de um ano depois, a babá dela quis dar de presente de aniversário uma mini cozinha que eu não só apoiei, como ainda escolhi o modelo e fui lá comprar. Wilson quase caiu pra trás, e ainda me encarnou: “Ué, mas não era você que era contra?”
- “Era mais mudei de idéia.”

Mudei por que fuçando aqui e acolá, entre um livro e um documentário, mas principalmente observando minha filha, descobri que meninas adoram brincar de aspirador de pó e passar roupa e que isso é importante para o desenvolvimento delas.

A Laís começou a falar muito cedo o que facilita muuuuito a nossa vida. Percebo que ela gosta de ajudar, pra ela nada é tarefa, tudo é brincadeira. Pedir a ajuda dela pra qualquer coisa a deixa feliz da vida. Digo: “Vamos guardar os brinquedos?” E ela responde empolgadíssima: “Vaaaamooooos!” Ou então quando vê que estou fazendo algo sem ela, chega dizendo: “Qué ajudá mamãe, qué ajudá!”

Um dia no parquinho do museu (um areal enorme cheio de balanços e escorregas coloridos) a Laís sentou perto de uma menina brincando de panelinha. Ela tinha por volta de 1 ano e 3 meses. Foi a primeira vez que vi minha filha absorta por mais de 10 minutos na mesma brincadeira. Depois minha mãe me lembrou que eu não ligava pra boneca, mas que adorava brincar de comidinha. E eu me lembrei que meu brinquedo preferido na infância era um forninho da Atma (“a Atma é ótima”, era o slogan deles) que fazia bolinho de verdade. Na semana seguinte ela foi pro parquinho com suas próprias panelinhas. O pai dela só sacudia a cabeça pra mim como quem diz: “Só você mesmo!”

"Não há que ser forte. Há que ser flexível." – Provérbio chinês

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